O que seria de mim sem o bom e velho rock’n’roll. Sou despertado por ele e vou dormir com ele. Isso quando não passo a noite inteira sonhando com o dito cujo. Já entrei nesse assunto antes, e para não voltar, vou apenas passar por cima. Mas é incrível como rotulam as coisas. É aquela velha mania de colocar nome aos burros. Se te pegam escutando um Iron Maiden, vixe Maria, já te chamam de moleque, adolescente. Aí você responde educadamente; sem fazer careta e dar beijo na testa de ninguém, porque até aí você não tem certeza de que a pessoa é uma completa idiota. Você acha que foi só um escorregãozinho e tenta um diálogo.
-Putz, cresci escutando Iron… Você nem termina a frase e a pessoa já emenda: -…não, se você ainda escuta, quer dizer que você ainda não cresceu! rá, rá. Aí você já está completamente satisfeito com a descoberta de que a pessoa é completamente idiota, mesmo. Mais do que isso, é de uma imbecilidade tamanha que faz sombra no maior idiota do planeta. Mas quer uma sugestão? Dê uma risada, aquela de lado e ignore. Ela vai tentar manter a idiotice, mas continue ignorando e apreciando o seu som que vale muito mais a pena. Tudo bem, você acabou de se livrar de mais um idiota. Mas por mais que você não ligue para isso, sabe que te incomodou. Puxa, lógico que incomoda. Não porque as pessoas falam do que você escuta ou deixa de escutar, mas simplesmente por elas não terem criado um pingo de intimidade com este gênero musical e já saírem agredindo todo mundo. Aí, num outro dia, esse mesmo imbecil te pega escutando Mozart, pronto: - Nossa!!! Agora sim, isso é que é música! Mas dessa vez você tenta mostrar para o camaradinha que o heavy metal tem uma grande ligação com a música clássica. Tem alma, tem cultura, tem teoria. Diz para ele escutar Yngwie J. Malmsteen com a Orquestra Filarmônica de Tóquio e tentar deixar os “pré” conceitos de lado para simplesmente escutar um Dream Theater com seus álbuns conceituais, Gamma Ray com sua energia, AC/DC com sua sinergia, Van Halen com sua descontração, David Coverdale com sua poesia, e mais uma infinidade de paixões que marcam adolescentes como você, como tatuagens que não vão sair nunca. Mostre para ele que você cresceu sim e que com você cresceu o amor pelo gênero. Que você conheceu e aprecia também a “boa música””. Que quando o garotão de roupas pretas, cabeludo e cheio de espinhas, cresce, ele pega tudo o que já viu com o que acabou de conhecer e se torna uma pessoa com uma sensibilidade maior. É… sei lá. Acho que pode ser isso ou não, como diz Caetano Veloso, que por sinal é maravilho. A verdade é que não dá para explicar algo que se escuta com a alma. A explosão de emoções que o rock’n’roll gera no organismo. Acho que só se mantendo na adolescência para poder entender, mesmo. Quer saber? Acho que viajei. Enquanto isso, fico aqui com meu solo.
Nem que seja "só lo".
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