domingo, 25 de julho de 2010

Eu também.

Bem longe daqui, nos confins da grande metrópole, num barracão (que se apagássemos as luzes diriam que é abandonado), uma luz. Uma mulher com jeito de menina passa por mim tão rápido, mas que assim mesmo o tempo parecia passar em câmera lenta. Seus olhos brilhantes, seu sorriso maroto... o que aquele ser fazia num lugar como esse? Passei o resto da metade da noite entre batuques e olhares de várias mulheres que não os de mesmo brilho, nem sorriso. Onde estava? Continuei procurando, não mais com tanto afinco, mas meus olhos ligeiros mesmo sobre o efeito do álcool, procurava incessantemente. Finalmente eles acharam. Com uma "coragem" e determinação fui em direção daquela mulher como nunca havia tido na vida. Até porque, a timidez (ou será insegurança?) me impedem de tal iniciativa. Mas meus olhos tinham que ver o brilho dos olhos dela de novo. E bem de perto. Olhei, falei, sem saber o que falar, o encantamento era maior do que a razão. Meus olhos se fecharam e nossos lábios se tocaram com força e foi como se, no Saara, encontrasse uma garrafa d’água e bebesse sem derramar uma gota. Matei a sede de um carinho que quebrava qualquer barreira de tempo e de espaço. Como se o agora não existisse ou que o agora já tivesse acontecido. Não tem como explicar algo inexplicável. A energia ia além do beijo. Como se houvesse um acoplamento áurico perfeito entre a gente. E nem o ambiente, nem o álcool ou qualquer outra coisa parecia incomodar. Era puro. Era recíproco. Mas a vida nos dá alguns presentes e ao mesmo tempo ensina que ela é cheia de presentes, mas que, sua essência é a inconstância, a eterna transformação, mudança, passagem. Nos despedimos com o mesmo brilho nos olhos, só que intensificado. Sem palavras, que não conseguíamos descrever o ocorrido. Mas a dela selou o presente que qualquer homem como eu, descrente de amores puros, volta a crer. Ela olhou e disse: “eu também”.

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