sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Filmão.

De uns tempos para cá, tenho feito uma experiência interessante. Assumi a postura de um telespectador da vida. Sim, sou o ator principal da minha vida, mas enquanto o filme vai rolando, eu vou interagindo com os personagens e observando, ao mesmo tempo. Como se houvesse uma outra câmera, de mim mesmo, filmando tudo por outro ângulo. É legal perceber como as coisas da vida e as situações vão chegando e a gente vai se envolvendo e criando uma trama complexa que, ora vira um drama que se mistura com um suspense e vai se transformando numa miscelânea de gênero incrível. E, olhando pela câmera 2, percebi que tem outros telespectadores, como as pessoas que ficam no cinema torcendo a favor, sabe? Meio que dizendo: “Por aí não, vai por ali. Por aí, você vai se estrupiar.” E a gente lá, como o personagem principal, totalmente envolvido e fazendo as coisas sem pensar. Tudo pela emoção. Vai sentindo o que a vida traz e reagindo sem pensar nas conseqüências. Sem pensar nas outras pessoas envolvidas. Sem pensar no humor do diretor que pode mudar o script a qualquer momento. Aí, fiquei só olhando. Fiquei aqui, assistindo ao filme da minha própria vida. E ficou claro, para mim, que não é a gente que escreve a história da nossa vida, não. Somos nós que damos o gênero do filme da nossa vida. Porque pode acontecer algo muito drástico, mas a gente pode fazer disso uma comédia, talvez, ou um romance, sei lá. Quem disse que tem que ser um drama? Aí percebo também a grandiosidade de filmes como “A vida é Bela” - La vita è bella, no original - um filme italiano de 1997, dirigido e protagonizado por Roberto Benigni que, não canso de rever. E, olha que engraçado, o gênero do filme é comédia dramática. Não é genial?
É mais ou menos assim: se sua vida está desmoronando, não adianta ficar tentando segurar os muros que você vai se machucar. Também não adianta ficar embaixo se fazendo de vítima que o muro vai cair na sua cabeça e, além de você se machucar, vai dar um trabalhão danado para outras pessoas tirarem você de lá de baixo. O lance é dançar sobre os escombros, desviar dos muros e observar o que se vai e o que se fica. E depois ver com calma, confiando no diretor o que se pode construir ali. Ou mesmo nem construir nada, quem disse também que algo tem que ser construido, ali? A idéia é observar de fora se preocupando não com o muro que está caindo. Mas sim com a própria cabeça. E só depois ver o que se pode fazer disso tudo.
E, então, vamos olhar de longe e dançar sobre os escombros da vida ou ficar embaixo se fazendo de vítima, esperando o muro cair na nossa cabeça?

Um comentário:

  1. você falou dos escombros, mas esqueceu das montanhas. e das flores. e dos lagos. e do amor das pessoas. e das formigas. e das borboletas. ah, do vento. da água. do fogo. dos sorrisos. das lágrimas. dos carinhos. das árvores. dos... poderia ficar horas aqui. a vida é q nem o filme q você citou. e o belo é maior do que qualquer coisa. ;)

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