segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Que presente?

Tem um monte de gente, mestre de sei lá o que, guru de num sei da onde, que fica dizendo que tem que viver o presente, esquecer o passado e que o futuro não existe. Bo-ba-gem. A mais pura babaquice, isso aí. Primeiro que, ninguém, absolutamente ninguém, sabe o que faz, como faz e porque faz. A maioria das pessoas agem por impulso, por emoção, e com uma roupagem enganosa de razão. Dizem que tomaram certa atitude por escolha consciente. Aonde? A gente vive escolhendo por impulso, comprando por impulso, magoando por impulso, agindo por impulso, como animais cheios de instinto. E instinto sexual ainda por cima. Mais animalesco ainda. Ué, é só olhar em volta. Repara um pouquinho como a vida está. Como os seres humanos estão. Como você está. É um comendo o outro, do ambiente aí do seu lado no trabalho, dentro da sua casa na sua família, socialmente então, nem se fala. E ainda vem neguinho dizer pra viver o presente? Nem fudendo. Para tudo. Não faça nada, que quanto mais você faz, quanto mais você vive o presente, achando que está vivendo totalmente o presente, mais você se enrola em emoções mal resolvidas do passado que apenas se repetem em escolhas inconscientes que você faz hoje. Tá vivendo o presente nada. Tá só é repetindo padrão que nem galinha em laboratório que toma choque pra comer o milho, e volta a tomar choque de novo e de novo e de novo. O que muda são as circunstâncias, são as pessoas. A intensidade do lance, um pouco mais ou um pouco menos. Mas é tudo igual. É padrão. “Eu sou assim”, lembra? Não é isso que você repete que nem papagaio pra todo mundo? Então. Pois é. Mas, quando você começa a perceber o que está fazendo, aí o negócio muda de figura. Aí começa a ganhar entendimento, lucidez, e aí sim você pode começar a escolher mais consciêntemente as coisas, a, finalmente, viver melhor o presente. Saindo do cliclo vicioso que você mesmo criou. De cagadas que você teima em repetir na vida. Sabe aquela pessoa que faz uma cagada atrás da outra? Então, pois é. É assim que é. E não são as pessoas que chegam na vida dela que são uns cocôs, não. Ela é que é.
Olha, só. Tem um texto que gosto muito de um livro chamado “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer” de Sogyal Rinponche, que é intitulado de “Autobiografia em 5 capítulos” que é assim:

1. Ando pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu caio... Estou perdido... Sem esperança. Não é culpa minha. Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada.Mas finjo não vê-lo.Caio nele de novo. Não posso acreditar que estou no mesmo lugar. Mas não é culpa minha. Ainda assim leva um tempão para sair.

3. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Vejo que ele ali está. Ainda assim caio... É um hábito. Meus olhos se abrem. Sei onde estou. É minha culpa. Saio imediatamente.

4. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Dou a volta.

5. Ando por outra rua.”

Desculpa, mas a maioria das pessoas não sai do segundo capítulo. E teimam em “viver o presente” caindo nos mesmos buracos incessantemente. E o que é pior, culpam os outros por colocar o buraco ali. Fala sério. Enquanto a gente não parar para olhar para os buracos que carregamos dentro da gente, ninguém vai sair do lugar. E vai ser impossível viver qualquer coisa na sua plenitude, realmente.

2 comentários:

  1. Oie...
    Lindo lindo lindo...
    Posso mandar isto para algumas pessoas??? Esta semana que passou comentei sobre "as ruas":)

    bjo

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