sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Corre.

Olho em volta e percebo as pessoas correndo de um lado para o outro. Serro os olhos para enxergar melhor e procuro entender para onde. Para onde é que essa gente ta correndo tanto? Aí percebo que eu também estou correndo. Correndo para não sei onde. Talvez para preencher com os aplausos dos outros o vazio que meu ego insiste em clamar. Mas, para quê? Talvez para me sentir melhor por causa da sensação que isso traz. Ah, é bom aplausos de vez em quando. Mas a gente sabe que as mãos que aplaudem são as mesmas que condenam. Agora, tem mãos que aplaudem as coisas que a gente faz, as coisas que realmente valem a pena e que são as mesmas mãos que amparam, também. E essas mãos a gente não vê. Mas sente. Sente preenchendo de carinho aquele vazio que a alguns minutos insistia em angustiar a gente. Então eu olho para cima, e não mais em volta. E percebo os aplausos, sinto o carinho de quem realmente está olhando para o progresso da gente. Com um olhar confiante, não um olhar punitivo. E no lugar do vazio, sinto uma gratidão enorme pelo reconhecimento, não dos outros, mas de mim mesmo. Por bancar. Pela consciência das minhas limitações, meus medos e padrões entrando em choque aqui dentro. Onde o insistir começa a dar espaço ao fluir. A angústia dá espaço à degusta. E olho novamente à minha volta e vejo as mesmas pessoas correndo não sei para onde. E agora olho e sinto uma compaixão por me ver a alguns minutos também correndo assim. Como somos iguais. Aí percebo como vivemos entre a consciência e a inconsciência. Como é tênue o véu. Tão fino que num segundo já estamos adormecidos novamente no torpor que ela causa. Percebo como é importante a constante atenção, não para fora, mas para dentro. Para perceber para onde esse “ego” está me levando e, assim, parar de correr atrás dele e fazer com que ele passe a correr atrás de mim. E assim deixá-lo bem para trás. Tão para trás que nunca mais vai conseguir me alcançar.

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