segunda-feira, 16 de abril de 2012
O que você tem?
O que você tem? Qual seu patrimônio? Você já tem 30 anos e ainda não tem nada? Putz, e aí? Não vai fazer um pé de meia? Precisa heim! Afinal de contas o tempo passa, o tempo voa. Aí você se pega ansioso correndo atrás do pé de meia. Com medo do futuro. Do que vai ser da sua velhice. O que vai deixar para seus filhos. Todo mundo se preocupa com isso. Todo mundo. Eu também. Mas aí olho em volta e vejo um monte de gente correndo atrás do rabo, digo, pé de meia. Eu também, mas digamos que com uma diferença. Ao invés de correr eu ando. E quer sabe? Ando na boa. Tipo boêmio andando na calçada de Copacabana olhando o mar. Apreciando a paisagem. E enquanto olho, veja uma galera correndo pra cima e pra baixo com seus patrimônios blindados. Com suas fisionomias rançosas e os olhos focados no próprio umbigo. Aí sinto uma tristeza no peito. Não pelo que não tenho. Mas pelo que eles não tem. Aí fecho os meus olhos e visualizo o meu corpo envelhecendo até o momento da morte em uma fração de segundos. Como aqueles vídeos superacelerados da National Geographic. Até apodrecer e virar pó. Aí me vejo como alma, como espírito. E ali, faço a mesma pergunta: o que você tem? Nessa momento sinto minha testa brilhando. Percebo uma pedra preciosa ali dentro. Com uma luz de um brilho inimaginável. Na mesma hora, lembro dos amparadores e sinto meu peito também brilhando. Mais diamante se acende ali. Um contentamento ainda maior toma conta de mim. E minhas mãos se acendem também como tochas de fogo. Olha para elas e vejo mais duas esferas brilhantes, como dois diamantes lapidados. E então lembro daquela pessoa dentro do carro, com seu olhar preocupado e expressas rançosa. E então eu a abraço e ofereço tudo o tenho. Absolutamente tudo. Abro meus olhos. Continuo andando, apreciando a paisagem com uma sensação maravilhosa dentro do peito. Mas continuo sem nada. Aí me lembro da pergunta e junto com ela me vem logo a resposta: você tem tudo.
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