terça-feira, 29 de julho de 2014

Jardim do Divino.

Os iniciados e estudantes espirituais quando elevam seus pensamentos ao alto e ativam seus chacras, são como flores de lótus que abrem suas pétalas em busca da luz. E o divino percebe quando um de seus filhos abrem suas pétalas em meio ao lamaçal do mundo. E seus corações se enchem de luz e de alegria ao ver que, mesmo em meio a esse lamaçal todo, filhos esforçados abrem suas pétalas revelando toda a sua beleza. Aquela beleza que vem de dentro. Que vem da alma. Da essência. Então o mundo fica mais belo. E outras flores, antes fechadas, se inspiram e buscam a luz, o Divino. E nessa busca também se abrem revelando sua luz. E quando se vê, lá do Alto, o pântano está todo florido e brilhante. E onde antes só havia lodo e escuridão, se vê flores brilhantes e coloridas. Cores e formas diferentes que cada um, com seu jeito e sua maneira de buscar o Divino, acendem sua luz própria despertando seus chacras e abrindo suas pétalas.
É assim que o plano espiritual vê esse planeta. Um campo fértil onde cada um, pelo esforço próprio, busca forças e a conexão necessária para desenvolver seu potencial espiritual e divino. O que resta a Eles é regar esse campo com energias sutis de puro amor, adubar a terra com estrelas prânicas e jogar algumas sementes mais fortes e melhor preparadas para desabrocharem antes e com sua beleza e brilho, ajudar outros a desabrocharem também.
Vocês são flores para o plano espiritual. E esse espaço é um de nossos jardins onde a gente cuida com muito carinho.

Namastê.

(Salinha espaço Origens, 28/07/2014)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O caminho de volta.

Domingo agora acordo com os passos do meu filho vindo em minha direção na cama e beijando o meu braço. Levanto e, depois de esmaga-lo vou até a cozinha onde encontro meu pai, como de costume, fazendo o almoço. - Bom dia Wirsão... e feliz aniversário!!! Quantos aninhos?! Ele mostra sete dedos e olha com um sorrisinho. Eu respondo com o mesmo sorriso, e numa cumplicidade, digamos espiritual, entramos na mesma sintonia: - Tá véio, heim Wirsão? (risos) ... Não vê a hora de voltar pra casa né, pai? Percebi que o sorrisinho dele aumentou. - Tá na hora. - Merecido. Respondi. – E quem você acha que vai encontrar primeiro? O seu pai, (sei que ele tem muita saudade do pai que se foi quando ele era pequeno) um xamã, ou o seu pai como um xamã? Rimos juntos. E ele: - - Vai saber, isso se ele não reencarnou num desses moleques aí. (se referindo aos netos). - Vai saber, só sei de uma coisa, não some não, viu? Vamos trabalhar juntos. Eu daqui e você de lá. Nessa hora nossos olhares se cruzaram por segundos. E ele disse: - Com certeza. E eu repeti a pergunta: - Não vê a hora de voltar pra casa, né pai? E antes mesmo dele responder eu continuei: - Eu também.

sábado, 13 de julho de 2013

O templo daqui.

Quanto mais eu vejo e visito templos, igrejas, mesquitas e lugares considerados santos, mais eu me convenço de que o verdadeiro templo divino está dentro do meu coração. E é lá dentro, que quietinho e de olhos fechados, consigo ver o brilho real "da luz que brilha mais do que milhões de sois juntos". E essa luz transborda. E o choro é inevitável. E a noite no quarto escuro de um hotel num canto do mundo vira dia. E fica mais claro o que eu leio, o que estudo, o que aprendo, o que pratico e o que amo. Engraçado como tive que vir tão longe pra entender melhor algo que está tão perto. Talvez seja esse mesmo o xis da questão. Ou como o Cara lá em cima brinca com nossa ilusão. Meu peito vai explodir de tanto amor, Cristo. Ou é tanto amor do Cristo que faz explodir o meu coração?

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Ferramenta.

-->

Em poucos momentos da minha vida estive realmente presente. Presente de verdade. Com a cabeça, os sentidos, o coração, a atenção toda ali no momento. Dificílimo. Mantras, práticas disso, daquilo, meditação, muita meditação e surfe. Pois é, surfe. Quando se está lá no fundo em cima da prancha, sua atenção fica completamente lá. Não sei se é porque a gente se coloca numa posição de espera, até de uma certa tensão misturada com ansiedade, sei lá. Mas é presente, é só ali. Olhando o horizonte, e esperando. Acho que deve até rolar a tal da “harmonia com a natureza” que tanto se fala. Será? Até porque é você ali, e ela. E a grandiosidade dela. Talvez essa grandiosidade e estar de frente com ela, cara a cara com o horizonte do mar, faça com que agente se sinta pequeno mesmo. Aí o silêncio é inevitável. Mas não o silêncio de fora, o de dentro. Você se aquieta, observa, se acalma e espera. O que ela vai te mandar. E o mais engraçado é que tem a sua onda. Pronta, perfeita, com o seu nome escrito nela. E é aí que entra a mágica do negócio. Você não precisa “correr atrás” pra conseguir. Não precisa competir. Não precisa ficar ansioso pensando, será que vem? Será que não vem? É só esperar. Talvez eu tenha descoberto no surfe a espiritualidade que tanto pratico. O estar presente. A entrega. Talvez eu tenha crescido com a ideia de que a gente tem que isso e tem que aquilo pra conseguir as coisas... E quer saber? Tem que nada. Ideia de jerico, isso aí. Tá tudo programado. Explico porque:
Depois de algumas horas surfando, (e do meu ombro “apitando”) pego a última onda e vou pra areia. Satisfação geral. Corpo, mente e espírito. Esse último meio satisfeito. A outra metade veio em seguida. Fico na areia, sentindo o sol e curtindo ainda aquela sensação da presença rolando.  Me sento e fico observando meu amigo ainda no mar esperando a última onda dele, a “saideira”. Olho para os lados e a praia está deserta. Com exceção de um casal a uns 50 metros a minha esquerda que vai andando em direção ao mar. Volto a olhar para o mar e fico lá adivinhando qual vai vir com o nome dele. Ó lá, é ela. Lindona. Ele pega e começa a vir para areia. Nesse instante escuto alguém gritando atrás de mim e vejo um homem de branco gesticulando desesperadamente e apontando para o mar. Olho procurando o casal a minha direita e vejo que eles não estão mais ali no raso, mas lá no meio da arrebentação e pior, se afogando! Meu amigo a essa altura já esta com a prancha na mão andando em minha direção quando saio correndo em direção ao casal gritando para ele: Traz a prancha!! Imediatamente ele percebe o que esta acontecendo e corre comigo em direção ao casal. Nesse momento fico tentando lembrar dos cursinhos rápidos de primeiros socorros que ensinavam na escola ou de algum documentário da Discovery Channel. Aí me lembro de que a pessoa se afogando, pode acabar afogando quem está tentando salva-la. Vou pega-la por trás, pensei. Chego bem perto e bato em um dos braços dela virando-a de costas para mim. Consigo agarra-la e começo a nadar em direção a areia. Só nessa hora percebo o meu amigo pegando o marido dela que estava mais ao fundo. Beleza. Ela estava muito mole, já não aguentava respirar direito. Eu apenas dizia: respire, respire, calma, está acabando. Com uma dificuldade tremenda consigo traze-la até a areia. Estávamos no meio da arrebentação com o mar mexido, buracos na areia e uma correnteza bem forte. A mulher parecia não ter musculatura nenhuma, era como se fosse uma gelatina. Acho que de tão exausta que estava. E nem falava direito, apenas respirava ofegante. Só na areia ela soltou um “thank you” aí percebi a nacionalidade. O caseiro chegou agradecendo a Deus por estarmos ali, ele não sabia nadar. E eu pagradecendo a Deus pelo meu amigo ter saido da água exatamente naquela hora. Eu não conseguiria pegar os dois.
Foi aí que tudo se encaixou na minha cabeça: eu saindo da água, o casal andando em direção ao mar, meu amigo pegando a última onda, o caseiro gritando, o casal no meio da arrebentação e o meu amigo já na areia. Uma sincronicidade incrível. Meu Deus do céu! Me lembrei do outro jeito que Ele é chamado por aí, “O Grande Arquiteto do Universo”. Imagina o tamanho que fiquei perto disso tudo. O grão de areia era um gigante. Já havia escutado, lido, estudado sobre tudo estar sincronizado, que nada é por acaso e tal, mas nunca havia presenciado a parada. Ou prestado atenção nela. Talvez porque naquela hora eu estivesse presente e pude perceber a grandiosidade da vida acontecendo? É bem provável. Quem dera ficar a maior parte do dia nesse estado. Talvez as coisas ficassem mais claras. Mais fáceis. Mais compreensíveis e a gente menos doente e menos distante Dele.
Depois de tudo aquilo, viro para o meu amigo e digo: Hoje não viemos até aqui pra surfar. Viemos salvar aquele casal, cara. Ele concordou com a cabeça.
E todos os dias eu penso: aquele dia não fomos até lá surfar, fomos apenas ferramentas do Grande Arquiteto do Universo. E agradeço.

sábado, 23 de junho de 2012

Teu olho que brilha e não para.

Engraçado como os presentes mais fascinantes estão bem lá no fundo do lamaçal de nos mesmos. E quando descido entrar de cabeça nele, dou de cara com as coisas mais lindas e fascinantes da vida. E é aí que entendo que a pérola fica envolvida por uma casca dura, grossa, difícil de penetrar. Estou no momento mais espiritual da minha, talvez seja porque encontrei a espiritualidade na vida, junto com a vida. Algo do tipo: estar aqui e agora, mas respirando e percebendo os dois planos. Mas não existindo dois, e sim um que é os dois. Não sei explicar. Mas é intenso, uma mistura de júbilo e dor. O prazer da dor. Mas não um prazer físico, mas espiritual. Como se a minha alma estivesse se mexendo e batendo a sujeira dela mesma, como se tirasse o pó. E cada batida que ela dá, uma casca, uma vida passada, um trauma, um sei lá o que aparece diante dos meus olhos. E eu observo surpreso. Sem nunca saber que aquilo estava ali, mas estava, e foi embora. E debaixo do pó minha alma brilha um pouco mais. E sem ter muito tempo de entender aquilo, vem a outra batida de pó, e mais algo aparece. Uma atrás da outra. Intenso, sem tempo, uma atrás da outra. É como se os pós fossem frações de vidas, vivências, ocorrências registradas na âmago de mim mesmo. De um eu que nem eu mesmo sei direito. De muito tempo. Junto vejo pessoas, entidades obsessoras agindo em coisas que nem eu mesmo sabia, amparadores antigos que não me lembrava mais e em formas que nem imaginava que existiam. E hoje ganhei mais um desses presentes. Porque seja como for, eu sei e sinto a presença de amigos espirituais muito próximos de mim, que seguram a minha mão enquanto doi. De vários lugares, de várias linhas, descubro almas amigas que nem pensava que conhecia. Mas hoje eu conhecia, e bem. E chorei de saudade. Pela primeira vez chorei de saudade dela. Uma saudade humana, mas que logo vira uma saudade mais consistente. Que o amor humano já percebi que é muito menor em relação ao tempo que vivemos, as vezes, com certas pessoas. E mais uma vez seus olhos azuis brilharam para mim. Ai, vozinha querida, que saudade! Que gratidão poder sentir o seu amor materno e espiritual tão perto de mim, assim. Hoje, você me ajudou a abraçar um espírito que a tempos quis me prejudicar. Me mostrando que o amor é maior que tudo isso. E que ele agia por amor. E que as vezes a gente faz besteira por amor, também. Mostrou que ele não perdeu. Mas que o amor ganhou. Eu, ele e todo mundo ganhou. Hoje eu chorei sua partida Vandinha. E junto com esse choro, o choro de gratidão pelo seu amparo e por você, na verdade nunca ter ido. Nunca. E hoje eu vou fazer diferente, vó. Vou rezar por você cantando assim:

“Teu olho que brilha e não para. Vandinha, te encontro na fé.
Salva salve essa nega, que axé ela tem.

Ó meu Pai do céu, limpe tudo aí.
Vai chegar a rainha precisando dormir.
Quando ela chegar Tu me faça um favor,
Dê um banto a ela, que ela me benze aonde eu for.”

Hoje eu entendo que o “fardo pesado que levas, deságua na força que tens.”

“Teu lar é no reino divino, limpinho cheirando alecrim.”

PS: Isso vale pra você também, viu, madrinha querida. Que fica aí do lado só rindo. E não ri, não, que vou continuar te pentelhando com perguntas o tempo todo, viu...rs.

Clique nesse link e feche os olhos e lembre dela (s). Bejos - http://www.youtube.com/watch?v=sID-p2pt7zs

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O que você tem?

O que você tem? Qual seu patrimônio? Você já tem 30 anos e ainda não tem nada? Putz, e aí? Não vai fazer um pé de meia? Precisa heim! Afinal de contas o tempo passa, o tempo voa. Aí você se pega ansioso correndo atrás do pé de meia. Com medo do futuro. Do que vai ser da sua velhice. O que vai deixar para seus filhos. Todo mundo se preocupa com isso. Todo mundo. Eu também. Mas aí olho em volta e vejo um monte de gente correndo atrás do rabo, digo, pé de meia. Eu também, mas digamos que com uma diferença. Ao invés de correr eu ando. E quer sabe? Ando na boa. Tipo boêmio andando na calçada de Copacabana olhando o mar. Apreciando a paisagem. E enquanto olho, veja uma galera correndo pra cima e pra baixo com seus patrimônios blindados. Com suas fisionomias rançosas e os olhos focados no próprio umbigo. Aí sinto uma tristeza no peito. Não pelo que não tenho. Mas pelo que eles não tem. Aí fecho os meus olhos e visualizo o meu corpo envelhecendo até o momento da morte em uma fração de segundos. Como aqueles vídeos superacelerados da National Geographic. Até apodrecer e virar pó. Aí me vejo como alma, como espírito. E ali, faço a mesma pergunta: o que você tem? Nessa momento sinto minha testa brilhando. Percebo uma pedra preciosa ali dentro. Com uma luz de um brilho inimaginável. Na mesma hora, lembro dos amparadores e sinto meu peito também brilhando. Mais diamante se acende ali. Um contentamento ainda maior toma conta de mim. E minhas mãos se acendem também como tochas de fogo. Olha para elas e vejo mais duas esferas brilhantes, como dois diamantes lapidados. E então lembro daquela pessoa dentro do carro, com seu olhar preocupado e expressas rançosa. E então eu a abraço e ofereço tudo o tenho. Absolutamente tudo. Abro meus olhos. Continuo andando, apreciando a paisagem com uma sensação maravilhosa dentro do peito. Mas continuo sem nada. Aí me lembro da pergunta e junto com ela me vem logo a resposta: você tem tudo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

No oceano de mim mesmo.

Tem momentos na vida da gente que parece o Saara. Você olha para todos os lados e nada. Não tem amigos, não tem parentes, não tem miragem. E são nesses momentos que a gente descobre mais sobre a gente. Sobre a nossa força interior. É quando quebra alguns condicionamentos. É bom quebrar condicionamentos. Daquilo que se faz, que se estuda que se dispõe a ir fundo. E é nessa hora que a gente para de bater os braços e coloca o pé para baixo para ver qual é a profundidade que chegamos que a gente descobre que não dá pé. E dá medo. E entre o pânico e a sanidade, a gente vê o quanto procuramos algo para apoiar. Um amigo, uma técnica, um mestre, um deus. Mas vê que não tem nada lá. Só a gente e a imensidão. Mas precisa se manter firme, mesmo com o coração na boca, pegar fôlego para continuar remando em busca do que ama. Do que acredita. De uma nova direção. E mudar incomoda. Não só quem muda, mas quem está acostumado com o nosso automatismo, também. Dói os braços. Mas faz bem. Diminui a gente. Engrandece o aprendizado. Cria musculatura. Coloca nossas certezas à prova. E é aí que a alma da gente vira do avesso. Oras, “alguns de nós escolhem viver graciosamente. Alguns podem ficar presos no labirinto e perder o caminho de casa. Esta é a vida a que pertencemos. Nosso divino dom”. Prefiro viver graciosamente, mesmo que as vezes tenha que me perder dentro do labirinto de mim mesmo. Porque no final das contas, vou encontrar o caminho de casa, de um jeito ou de outro. E quando parar de bater os braços e colocar os pés no chão para ver se vai dar pé, não precisar mais procurar algo para apoiar. Porque vou ter a certeza de que vai ter um Cara lá para segurar a minha mão. E então, não vou precisar mais me manter firme, nem pegar mais fôlego, nem bater mais os meus braços. Nunca mais.